Avenida Beira-Mar: Estátua de Iracema exige reforma. Os braços do índio Peri foram quebrados (Foto: Patrícia Araújo)Monumentos históricos são atacados por vândalos e pichadores. Alguns estão parcialmente destruídos
Faltam menos de 20 dias para o início da alta estação 2008. O turista que escolher Fortaleza para as férias de julho terá que conviver com uma cidade cheia de contraste. Além da beleza da orla marítima, vai se deparar com ruas esburacadas, com lixo e pontos turísticos depredados pela ação de vândalos, tomados por mendigos ou por moradores anônimos de espaços públicos.
Nem o Theatro José de Alencar, um dos principais cartões postais da Capital, escapou da invasão dos sem-teto. É o caso de Socorro da Silva que olha desconfiada para a reportagem, antes de confirmar que vive na calçada do teatro. “Moro nas ruas desde criança e já estou cansada de promessas de que eu vou ter um cantinho para ficar”, critica a moradora de rua do Centro da cidade.
O turista que visitar o teatro também verá o abandono da praça. Há buracos na calçada, o monumento em homenagem ao escritor José de Alencar foi alvo dos pichadores e serve também até de abrigo para pessoas dormirem ou sentarem para um bate-papo.
O desrespeito aos monumentos históricos não é um problema isolado de Fortaleza, “mas resultado da falta de uma cultura de preservação dos patrimônios por parte dos brasileiros”, diz a professora de História, Carla Sampaio, que trafegava pela praça José de Alencar, na área central.
Ainda no Centro da cidade, o Mercado Central, considerado parada obrigatório no roteiro de compras dos turistas, está com lixo espalhado pela grama e na calçada. Patrícia dos Santos, da cidade de Petrópolis, reclamou da sujeira, embora tenha aprovado o preço das mercadorias. Ela aproveitou para levar presentes para toda a família, incluindo confecção, labirinto, redes e castanha.
Na antiga cadeia pública, a Emcetur, o espaço foi invadido por pedintes. “Já houve assaltos a turistas”, diz o guia Felipe Barreto. Segundo ele, a presença dos mendigos aborrecem os visitantes e gera uma publicidade negativa para Fortaleza.
Saindo da área central, os problemas continuam. As obras de alargamento do calçadão da Praia de Iracema foram criticadas pelo turista de Brasília, Lúcio de Oliveira Santos. “É horrível andar no calçadão”. O transtorno na área, no entanto, está longe de terminar. “Faltam seis meses para a conclusão do projeto”, diz Francisco Pereira de Lima, encarregado do trecho próximo ao monumento da estátua de Iracema.
A Estátua de Iracema, localizada na Avenida Beira-Mar, encontra-se em péssimo estado. Os braços do índio Peri foram quebrados e em várias partes aparece o ferro. A índia Iracema tem diversas rachaduras e a mão danificada. Nem o fiel companheiro do Guerreiro Branco saiu ileso da ação dos predadores de monumentos históricos da Capital.
EQUIPAMENTOS
Secretário de Turismo admite problemas
Julho deve registrar um aumento entre 7% a 10% no fluxo de turistas em Fortaleza, comparado as férias do ano passado. A estimativa é do secretário de Turismo de Fortaleza (Setfor), Henrique Sérgio Abreu. Segundo ele, o cenário econômico está favorável para incentivar o turista a viajar. Além disso, “não há problemas de vôos, de apagão aéreo, como ocorreu em 2007”, frisou.
Diante das críticas a situação atual de alguns pontos turísticos, Abreu admite que alguns locais, como a Praça José de Alencar, “está ruim”. Esclarece que a área será remodelada com as obras do Metrofor, incluindo ainda o Beco da Poeira, a Praça da Lagoinha e o extinto Lord Hotel. Para o secretário, o roteiro turístico da cidade está em condições “razoáveis”, tanto em relação às vias, jardinagens e monumentos.
Henrique Abreu considerou regular a situação da Praça do Ferreira, do Mercado Central, do Passeio Público e da Ponte dos Ingleses. Já a área da Beira-Mar até o Mucuripe, admite que a Estátua de Iracema foi depredada. “Teremos que cercar a área, já que não conseguimos que as pessoas respeitem o monumento”, salientou.
Henrique Abreu considerou regular a situação da Praça do Ferreira, do Mercado Central, do Passeio Público e da Ponte dos Ingleses. Já a área da Beira-Mar até o Mucuripe, admite que a Estátua de Iracema foi depredada. “Teremos que cercar a área, já que não conseguimos que as pessoas respeitem o monumento”, salientou.
No caso da Praia de Iracema, o secretário disse que a obra só será concluída em dezembro de 2009. “O novo calçadão, no mínimo, será melhor e mais seguro que o anterior que ninguém podia andar”, argumenta. O projeto inclui ainda o passeio na Almirante Tamandaré, no trecho da Caixa Econômica até a Ponte Metálica.
Fonte: Suelem Caminha - Repórter Jornal Dário do Nordeste