Livre acesso: superintendente do Instituto Dr. José Frota, Wandemberg Rodrigues, ressalta que o objetivo do hospital é permitir a entrada das pessoas
Enfermaria: no andar onde estão os presos internados ficam dois policiais militares que não se incomodam com a presença de estranhos (Foto: Fábio Lima)Equipe do jornal circula pelas dependências do IJF e vai até o andar onde ficam os presos sem ser percebida pela segurança
Os hospitais públicos de Fortaleza, além de ter que prestar atendimento de qualidade aos pacientes, devem também começar a se preocupar com a segurança dentro de suas unidades. O episódio da última segunda-feira, no Frotinha de Parangaba, onde um paciente que já havia sido baleado foi novamente atingido por tiros disparados por uma pessoa que entrou armada na unidade de saúde sem dificuldades, é uma prova de que o modelo de segurança deve ser repensado.
Para mostrar essa situação, a equipe de reportagem do Diário do Nordeste percorreu, ontem, diversos setores do maior hospital da cidade, o Instituto Dr. José Frota (IJF). Sem nenhuma dificuldade, circulamos durante 30 minutos até o andar onde ficam os presos em atendimento, comprovando falhas no controle de pessoas que adentram à unidade.
Às 10h10, entramos no hospital pelo subsolo, onde fica a recepção principal do IJF. Um guarda municipal na porta da recepção que divide o hall dos elevadores não atentou nem sequer percebeu a nossa entrada - minha e do repórter fotográfico Fábio Lima - e, em nenhum momento, nos abordou ou questionou para onde íamos.
Percorremos os andares do Frotão pelo elevador e escadas sem sermos incomodados. Circulamos pelos corredores do quarto e terceiro andares e chegamos até o oitavo andar. Fábio Lima conseguiu até fazer fotos da Emergência superlotada com uma câmera portátil, o que numa pauta protocolar, não é permitido
No vaivém dos elevadores, presenciamos dois funcionários reclamando da desproteção que estavam expostos nos hospitais. No andar onde ficam os presos internados, os dois policiais militares Lima e Soares, armados de revólveres, estavam fazendo a segurança do local. O repórter fotográfico chegou a dialogar com um dos PMs. “Você está doente? Não. Doente só do bolso”, respondeu o policial rindo-se.
Nesse momento, mesmo estando parados no andar à espera do demorado elevador, em nenhum momento, foi questionado o motivo de nossa permanência mais longa no local.
Sozinha, circulei pela Emergência, passei pelo Centro de Nutrição e Dietética, entrei no banheiro do corredor, fui até a sala dos médicos, bati e abri a porta. Após a saída, um segurança que estava sentado nos bancos de espera alertou que eu estava indo em direção a uma porta fechada.
Depois do encontro final, num dos corredores lotados de macas e pessoas ainda ensangüentadas, seguimos em direção à Emergência, para nos apresentar ao chefe de plantão. De lá, fomos até a sala dos médicos, de onde o chefe de plantão na manhã de ontem, Alan Melke, nos acompanhou até a sala da assessoria de imprensa do hospital de referência, onde todo o roteiro foi finalizado e exposto. Era 10h40.
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Fonte: Diário do Nordeste