
"A demanda está perdendo força por conta da alta dos preços dos alimentos. O consumidor está comprando menos produtos industriais porque está gastando mais com alimentos", explicou Ribeiro, em relação à desaceleração da indústria.
A Fiesp divulgou nesta terça-feira que o nível de emprego da indústria de transformação do Estado de São Paulo subiu 0,35% (8 mil vagas criadas) em maio na comparação com o mês anterior, segundo dados sem ajuste sazonal. Em abril, a alta sobre março tinha sido de 2,75%, com abertura de 62 mil vagas.
"Notávamos acomodação da indústria em relação a outros indicadores. O INA já apontava isso, que parte do ímpeto estava se perdendo. Não era dramático porque a variação ainda era positiva. (...) O preocupante agora é que a taxa de crescimento passou a ser não-crescimento", disse Francini.
Segundo ele, os reflexos do aumento da taxa de juros (já foram duas altas desde abril deste ano) para 12,25% e da valorização na taxa de câmbio (sob as influências da conquista do grau de investimento pelo Brasil) ainda não foram contabilizados pelo emprego industrial. Francini já manifestou, no entanto, suas preocupações quanto às conseqüências disso no futuro.
Inflação
Francini disse não saber, no entanto, com que intensidade a indústria deverá reagir às medidas utilizadas pelo governo para controlar a inflação. Segundo ele, a combinação dos dois aumentos da Selic, da elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), da inflação de alimentos e do grau de investimento dificulta uma previsão, mas indica que o impacto já pode ser mais negativo para o próximo mês.
"Há muitas variáveis atuando juntas. Não dá para saber dos efeitos já em curso. (...) Mas há possibilidade de que no próximo mês o emprego já tenha variação negativa. O difícil é saber se é início de uma tendência. Os fatores apontam para estabilidade", disse Francini.
A estimativa da Fiesp para a expansão do emprego na indústria em São Paulo é de 3,5% neste ano. No acumulado de janeiro a maio, porém, a alta é de 4,79%. "Já estávamos prevendo crescimento menor daqui até o final do ano. O mês de maio confirma isso, mas não dá indicação da intensidade. Vamos ter de esperar [no caso de alguma revisão da projeção]", disse Ribeiro.
"Medidas em excesso podem trazer a economia para rota de declínio. São riscos inerentes ao conjunto de medidas [do BC]. Já haviam sinais de acomodação/desaceleração da indústria, que não foram consideradas pelo Copom. Temos meses a frente para nos dizem o que vai acontecer. Há sinal de alerta, mas não há certeza para dizer que estamos entrando em período de declínio da economia", afirmou Francini.
Comércio
Segundo divulgou o o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira, as vendas do comércio varejista do país cresceram 0,2% em abril, na comparação com o mês anterior. Em relação a abril de 2007, houve expansão de 8,7%. Segundo o IBGE, "os resultados expressam certa estabilidade no ritmo de vendas em relação a março".
O resultado no primeiro quadrimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2007, revela alta de 11%. Nos últimos 12 meses terminados em abril, a expansão das vendas do comércio é de 10,3%. A receita nominal das vendas do comércio em abril aumentou 0,6%, na comparação com março. Em relação a período correspondente em 2007, a alta foi de 13,8%.
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FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO









